Imagem feita há poucos dias em uma pista de cooper de Marília com a Nikon D70
Andar pela cidade como um pedestre, por suas ruas e avenidas, dobrando esquinas, vencendo quarteirões, na velocidade dos passos, no tempo de um passeio, observando os detalhes do seu 'fluir', pode ser um ótimo exercício para o nosso olhar. Sem horário a cumprir, ou mesmo algum lugar para chegar, sentimos o urbano de outra forma. Uma cidade imaginária aparece.
Imagem feita há poucos dias com uma D70
A cidade possui mais pedestres do que carros e eles são parte constitutiva de sua paisagem, compõe sua realidade plástica, econômica e histórica. Porém, caso estejamos em um automóvel, a presença dos andarilhos é pouco notada. Além das paradas nos sinaleiros ou das curvas das esquinas, nada podemos ver. Entretanto, não há condição mais adequada para alguém conhecer a sua cidade do aquela do pedestre.
Foto feita em 1999 com tri-X e Canon
De repente a cidade se mostra com feições inusitadas, como se o caos urbano fosse harmonizado em segundos no imaginário e as fotografias aparecem. Isso só é possível no caminhar. Os equilíbrios menos sensatos e as relações menos frequêntes se tornam possíveis em uma simples e despretensiosa fotografia.
Rua Campo Sales em 2000 (Canon e tri-X)
Aos domingos e feriados, a cidade é mais dos pedestres. Passear pelo centro velho de Marília nesses referidos dias é um convite a vivê-la através de seus silêncios e da sua despoluição visual e sonora. É como se houvesse uma cidade oculta que pode ser revelada em fotografias. Na principal e mais movimentada avenida de Marília, marcada por pneus, pessoas desfilam como em uma passarela.
Imagem feita em 2000 na Av. Sampaio Vidal, com Leica e tri-X
Tudo isso acontece em um passe de mágica e em frações de segundo e somente dentro de uma fotografia, de seu recorte, composição e interpretação da realidade. Uma rua como passarela privilegiada para pedestres, isso só acontece em uma singela fotografia...
Av. Sampaio Vidal em 1999, através de Canon e tri-X.
Caminhar como os andarilhos, imaginar uma cidade que não existe, fugir da realidade monótona e sem graça para tentar construir coisas dignas do olhar. Deixar o imaginário fluir e 'pedir' as fotografias...eis o desafio e o convite. Andar sem rumo em busca dos significados acultos da cidade. Como você não estará em um automóvel, poderá andar até na contra-mão.
Leica e tri-x em uma das vias de acesso à Marília
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