quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ferro velho...

A cidade é um sítio arqueológico. São várias camadas do tempo incrustadas na paisagem urbana. Várias camadas de tinta nas paredes das casas, várias construções uma sobre outras e alguns lugares que são verdadeiras relíquias. O “ferro velho” (depósito de ferragens produto do desmonte de máquinas) é local privilegiado da história.

Detalhe de camionete Chevrollet 'anos 50' em ferro velho de Marília, 2010 (Nikon D70)

Notei em um ‘ferro velho’, em meio aos restos do passado, que as memórias brotam dos pedaços esquecidos pelo “progresso da sociedade”. A história quase sempre é ingrata. Ônibus, caminhões e tratores, úteis em momentos do ontem, que embalaram sonhos de vida, realizações da economia, pequenas histórias familiares e grandes momentos do país, se transformaram em ferros retorcidos, oxidados e desfigurados em meio ao mato e ao desmonte para o mercado de peças usadas.

Detalhe de caminhão da Ford "anos 50"
em ferro velho de Marília, 2010 (Nikon D70)

O Brasil há uns 50 anos era embalado pelo governo JK (‘que substituiu o burro pelo jeep’), pelos anos dourados do automobilismo em nosso país. Os motores transportavam de tudo e todos em novas estradas de rodagem para a realização dos “50 anos em 5”. Ao lado da recém construída Brasília, a pequena Marília (interior de SP) também ‘progredia’ sobre as carrocerias dos Fords e Chevrollets  do Brasil. Minha cidade, agro-industrial por “vocação”, crescia com os tratores nas plantações de amendoin, café e algodão. Marília chegou a ser a maior produtora de café, amendoim e algodão de São Paulo nos anos 50.


Trator da Ford 1955, há anos parado e oxidadando em ferro velho de Marília, 2010 (Nikon D70)

Na década de 50, o ônibus que levava as pessoas à Rosália (cidade aqui perto) era símbolo do sucesso da era do automóvel no Brasil. A carroceria era fabricada em Marília e, com um chassi da Mercedes Bens, era ícone do progresso. Esse ônibus servia a Viação Brambilla, nascida aqui e que hoje não existe mais. O Mercedez “cara chata” fez milhares de viagens na estrada asfaltada (novidade) entre essas duas cidades, deixando a antiga jardineira (ônibus com carroceria aberta) no passado. Uma carcaça desse referido ônibus também jaz no “ferro velho” que visitei.

Carroceria de Mercedez "cara chata" da Viação Brambilla em ferro velho, 2010 (Nikon D70)


Detalhe do Mercedez "cara chata" da Viação Brambilla em ferro velho, 2010 (Nikon D70)

O anos dourados também foram vividos por aqui. O atropelo do passar do tempo, apagou tudo isso bem rápido e as memórias desses fatos ‘jazem’ nos ferros e aços oxidados e retorcidos dos 'ferros velhos'.
Detalhe de trator Massey e Ferguson dos "anos 50" em ferro velho de Marília, 2010 (Nikon D70)

Os rebites eram uma das marcas das carrocerias de caminhões e dos ônibus dos anos 50. Eu sempre tentava contá-los na espera da partida do ônibus da rodoviária nos anos 70, época na qual esses antigos “carros” ainda serviam as viações daqui. A contagem era em vão pois, quando estava quase no término, era interrompido pela partida do ônibus ou por minha mãe me puxando para embarcar. O Brambilla do 'ferro velho' tinha todos os rebites. Contei calmamente e descobri: 259 rebites!!! Finalmente os contei todos!!

Traseira do Mercedez da Brambilla com seus rebites aparentes, 2010 (Nikon D70)

Detalhe de caminhão Chevrollet 1958, 2010 (Nikon D70)

Estou ficando velho mesmo...a "roda da história" anda sobre nós que envellecemos e sobre os trabalhadores que fizeram essas máquinas.

Roda do Mercedez "cara chata" dos anos 50 em ferro velho de Marília, 2010 (Nikon D70)





domingo, 24 de outubro de 2010

Férias sem compromisso...

Certa vez abandonei a prática sistemática da fotografia, vendi meu equipamento (inclusive o laboratório) e fiquei alguns anos sem câmera. Decidi parar de olhar o mundo com o condicionamento fotográfico e me ‘descontaminar’ das imagens. Continuei fotografando de forma descompromissada a família, fazendo imagens domésticas e sem muita preocupação. Nessa época fui à praia de São Vicente e carreguei na mala a ‘maquininha’ da família, uma espécie de “Olympus Trip” digital, uma Sony Cibershot que era menor que a palma da minha mão, toda automática sem muitos recursos.

Praia de S. Vicente, 2008 / Sony Cibershot

Andando pelo orla marítima de Santos, curti a paisagem, as pessoas andando, os petiscos da praia, o futebol de areia (só observando) e, de repente, sem obrigação de fazer uma bela imagem, apontava a Sony para diversos lugares e registrava as minhas impressões...

Edifícios da orla marítima de Santos, 2008 / Sony Cibershot

Era um tal de fotografar minha esposa, minha sogra em frente de monumentos, caminhando na praia, à noite com as luzes dos postes, detalhe aqui e detalhes ali e, de repente, uma imagem um pouco mais interessante aparecia...

Monumento do marco inicial português na cidade de S. Vicente, 2008 / Sony Cibershot

Dentro da pousada na qual fiquei para o devido descando após um dia inteiro de praia e de seguir a família nos museus, jardins e no comércio local, um quadro de origem candomblé me chamou a atenção...

Dentro da pousada, S. Vicente 2008 / Sony Cibershot

Aliás, a pousada era bem simples mas aconchegante. Bom café da manhã e o melhor de tudo era não ter que se precupar em cozinhar e depois lavar louça...

Detalhe do interior de pousada em S. Vicente, 2008 / Sony Cibershot

Antes de ir embora já guardando as coisas na mala, carregando lembranças e o descanso de alguns dias de repouso em família, ainda deu tempo para fazer uma última 'fotinha' e de ter a vontade de voltar a fotografar, fato que ocorreu algum tempo depois...felizmente!

Edifícios ao lado da praia em S. Vicente / 2008 Sony Cibershot






sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Escola...

Quem não se lembra de sua época de escola primária? Dos amigos à merenda, dos professores aos jogos de bola, tudo isso e mais um pouco. São boas lembranças. As aulas aprendidas, os exemplos dos professores, as primeiras paqueras, as traquinagens os puxões de orelhas, os boletins e a aprovação final.

Crianças de uma Escola Municipal de Marília, 2010 (Nikon D70)

Sempre tive medo dos seminários ( ou leituras ) que tínhamos que apresentar na frente de todos os colegas. Medo de gaguejar, de errar um exercício do quadro negro, de atender as expectativas do professor...mas me enchia de orgulho quando era elogiado pela professora.

Aluno de escola primária de Marília, 2010 (Nikon D70)

Minha cabeça sempre me fazia viajar para bem longe da escola em busca daquilo apresentado nas aulas de Geografia e de História, em busca de fugir dos sempre difíceis exercícios de Matemática ou imaginando como seria o recreio...

Aluno de escola primária de Marília, 2010 (Nikon D70)


As fileiras das carteiras, a posição das colegas e uma amiguinha em especial...há lembranças que não se apagam...

Crianças de uma Escola Municipal de Marília, 2010 (Nikon D70)