terça-feira, 14 de setembro de 2010

Olhar o nada

Entre uma fotografia e outra, dentro de um passeio programado, algumas surpresas podem acontecer. À mercê das supresas da luz, da sorte e da sensibilidade, nos deparamos com coisas que nos obrigam a  fotografar. A câmera é retirada da bolsa, apontada para algum lugar. Rapidamente a fotografia aparece. Quase sempre a consequência é uma imagem feita do nada, de lugar nenhum, de nada significante, porém, que merece ser olhado...

Nuvem fotografada em 2005 com Leica e neopan


Trocando o céu pelo chão, nos caminhos, entre uma calçada e outra, até o lixo presente nas vias públicas, ruas, indicando a passagem das pessoas e seus rastros, denunciando a história, insignificante por ser tão comum, adquiri a dignidade do olhar através da contra-luz e de uma composição simples...

Calçada de Marília em imagem de 2006 (Leica e neopan)

Nos terrenos vagos, andando atrás de um melhor ângulo e enquadramento, outras imagens podem aparecer. Na fotografia de contra-luz a qualidade da imagem sempre é boa, pois transfigura tons, contornos e valores visuais. Tudo se transforma em silhuetas, sombras bem definidas, um brilho especial. A escala de cinzas tende para a média prateada com branco e preto. Conferindo dramaticidade às cenas mais cotidianas como uma simples fotografia de mato.

Terreno vago com mato alto em Marília em 2010 ( Nikon D 70 )

Certa vez fui a uma festa típica aqui de Marília na qual havia aqueles parques de diversão que alegram as pessoas nas cidades do interior. Carrinho de trombada, roda gigante etc.


'Japan Fest' em Marília em 2008, Leica e neopan

O execício de olhar o não notado na paisagem, extrair dali aquilo que somente você foi capaz de ver, nutrir o sonho de que aquilo só existe em uma fotografia, à maneira da composição escolhida, da luz medida e da cidade imaginada...

Outdoor em Marília, 2008, Leica e ilford

Penso que talvez o maior desafio da fotografia de paisagem urbana que gosto de praticar, isto é, aquela desvinculada da simples reportagem das fachadas ou da documentação da arquitetônica técnica, seja o de extrair boas imagens do nada e do insignificante urbanos. Sonhar que aquilo só existiu  naquele instante e continuará existindo apenas em sua fotografia. A cidade imaginária feitas dos pedacinhos, 'caquinhos' que 'recolho' dela.   


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