Os 'feitiços' sempre causaram medo naqueles que não conhecem as religiões de origem africana no Brasil. Chamados erroneamente de "magia negra" e de "macumba" (que na verdade quer dizer tambor), os rituais da Umbanda e do Candomblé estigmatizaram negativamente aqueles que os defenderam e os praticaram. Infelizmente é difícil para os cristãos medíocres perceberem o preconceito e o etnocentrismo presentes em posturas como essas. É mais fácil não compreender as outras formas de religião, é mais cômodo a maioria de nós...
Tata Nkassumbirê Ari ensinando 'feitiço' no Centro de Cultura Africana em Marília, 2010 (Nikon D70)
Quando olhamos mais de perto e com mais paciência, com olhar atento daqueles que respeitam e tem curiosidade com os valores alheios, logo notamos várias semelhanças entre os 'feitiços' e outros rituais das religiões cristãs. Notamos também semelhanças nas maneiras das pessoas se relacionarem com a religião no Candomblé e nas outras formas de religião.
Aluna do Curso de Cultura e Religião Africanas em Marília, 2010 (Nikon D70)
Os pedidos dos fiéis são os mesmos, as crenças no mesmo grau, a fé inabalável, a relação com as divindades, tudo isso é muito semelhante de uma religião para a outra, não importando muito se você está entre cristãos ou adeptos do candomblé.
Participantes do curso de Cultura Africana em Marília , 2010 (Nikon D70)
O pedido por sáude, por emprego, por felicidade e por amor. Aliás, quando o assunto foi amor, a atenção dos alunos no Centro de Cultura Africana aumentou. Foi fácil perceber que as necessidades e os desejos das pessoas são os mesmos independente da religião...
Aluna atenta ao 'feitço' do amor ensinado pelo pai de santo Ari, em Marília , 2010 (Nikon D70)
Tudo é feito com muito carinho e respeito aos envolvidos, com muita seriedade e fé. O feiço do amor tem rosas, doces, perfumes, frutas etc.
Adepta preparando os elementos do 'feitiço' do amor, em Marília 2010 (Nikon D70)
O preparo do 'feitiço' do amor feito com muito carinho e atenção em Marília 2010 (Nikon D 70)
Com características claramente pedagógicas e de manutenção de tradições, e ainda de defesa da liberdade de opinião e de expressão, o Curso de Cultura Africana foi ministrado com muita competência pelo Tata Nkassumbirê Ari e se transformou em um momento ímpar na recente cultura popular mariliense.
Tata Nkassumbirê Ari demonstrando trabalho com ervas e gestos no Centro de Cultura Africana e Marília 2010 (Nikon D70)
Fui um privilegiado por ter participado dessa primeira aula do Tata Nkassumbirê Ari e de ter visto tudo aquilo que foi ensinado naquele domingo à tarde, com uma Marília quente e chuvosa, típica de dezembo. Tenho minha fé e convicções, porém, também fiquei bem atento quando o 'feitiço' do amor foi ensinado.