quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Boxe

     O uso dos punhos como arma em brigas de rua remonta aos primórdios da Humanidade. Os mais antigos documentos que evidenciam a prática do pugilismo como esporte datam de 4 000 a 5 000 anos e foram encontrados na Suméria ( civilização que desenvolveu-se na região do atual Iraque ) e Egito.

Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70


       Entre esses antigos documentos existem várias terracotas escavadas por arqueólogos, hoje em exposição no Museu do Iraque. Há também inúmeros afrescos funerários egípcios, como os que podemos visitar em Beni Hasan. São também muito variadas as regiões da Terra onde desde os mais remotos tempos se sabe da existência de técnicas pugilísticas.

Daniela, campeã brasileira de boxe feminino em Academia de Marília, 20011/ Nikon D70

          Popular na Inglaterra nos séculos XVIII e XIX, o boxe era praticado com as mãos nuas. Essas lutas com as mãos descobertas eram frequentemente brutais. O boxe foi reformado em 1867, com as Regras de Queensberry, que previam rounds de três minutos, separados por um intervalo de um minuto, além do uso obrigatório das luvas. Essas regras entraram em vigor em 1872.

Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70

         No início do sec. XX, o boxe era quase totalmente desconhecido no Brasil. Os raros esportistas limitavam-se a membros das comunidades de emigrantes alemães e italianos, no Rio Grande do Sul e em Sao Paulo. Foi só com eles que foi introduzida, entre nós, a idéia de competição esportiva entre dois homens...


Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70

      O boxe nunca foi fácil, nem de se ver, nem de se praticar. Segundo a ESPN americana, em pesquisa feita há algum tempo, adotando alguns critérios gerais em comparação com vários esportes, o boxe é aquele que mais exige do ser humano. Não é pra menos que alguém que chegue ao status de campeão seja temido pelos atletas, ou admirado por eles.

Valéria, pugilista da Arte Nobre que compete no Brasil, Marília/ 2011 D 70


         A falta de tradição esportiva foi outra característica que desfavoreceu uma melhor introdução do boxe no Brasil. No final do sec. XIX e início do XX, lutar era sempre associado a coisa de capoeiristas e, então, à marginalidade. Esse preconceito era especialmente forte entre os membros da elite dirigente do país.

Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70

        Fatos como os mencionados acima não só aocnteceram no Brasil.  Entre 1908 e 1915, o boxeador negro norte-americano Jack Johnson deteve o cinturão de campeão mundial dos pesados e muito humilhou os brancos que o desafiaram. Uma consequência disso foi os dirigentes americanos proibirem os cinemas de passarem fitas ou noticiários com lutas de boxe.

 Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70
       Nesse contexto de dramas e "lutas", há algumas mulheres resolveram levar ao pé da letra que bater não é só para homens e resolveram buscar no boxe uma alternativa para entrar em forma, extravasarem as emoções, aprimorarem a coordenação motora, além de ser uma técnica também de autodefesa e equilíbrio entre corpo e mente.
Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70
      Mas, e se o boxe tivesse mais investimento? E se todos os aspirantes ao esporte de luvas tivessem o apoio necessário? Talvez existisse algum outro esporte? Talvez não, pois o boxe, que já movimenta bilhões de pessoas, o faria ainda mais, com mais espetáculos, um atrás do outro, já que teríamos uma centena de “Mayweathers” e “Cottos” andando por aí hoje em dia. Só que ao parar pra pensar podemos analisar que talvez o que faz o boxe ser o que é, um esporte para guerreiros, seja mesmo a marginalização desse esporte...

Fotografia feita em Academia de Boxe de Marília, 2011/ Nikon D70
        Essa história ainda continua em Marília...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Alfaiates...

      A alfaiataria é um dos ofícios mais antigos do mundo. O conhecimento do ato de cortar e de coser tecido desenvolveu-se lenta a gradualmente com o passar do tempo. No início as roupas eram associadas a obrigação, ou necessidade) de esconder o corpo. Posteriormente, as roupas foram usadas para acentuar a forma humana...

Sr. Breda, alfaiate em Marília, costurando uma calça. (2011 / Nikon D70)


        Na Europa foi na época do Renascimento Cultural que o pano foi encurtado e apertado, montado e cosido na tentativa de dar destaque aos contornos do corpo humano fazendop nascer “oficialmente” a Alfaiataria e a Moda.

As mãos do Sr. Breda na corriqueira ação de colocar linha na agulha. Marília. (2011 / Nikon D70)

        Os alfaiates dominaram a cena da confecção de roupas por muitos anos, sendo requisitados e bem pagos na sociedade. No Brasil e em Marpilia essa história não foi muito diferente. Esses verdadeiros artesãos dos tecidos faziam os ternos, calças e camisas que vestiam todos os homens em circulação em nossa cidade todos os dias do ano, do trabalho para casa, de casa para o passeio, em festas, clubes, hospitais etc.

Sr. Manoel, alfaiate de Marília, "preparando" uma costura com instrumento
de carpinteiro. (2011 / Nikon D70)

        Nos anos 60 no Brasil, mudanças econômicas fizeram a popularização dos alfaiates nas cidades do interior de São Paulo. O êxodo rural fez a atividade da costura ser ampliada nos jovens municípios como o de Marília. Muita gente se empregava nesse referido ofício.

Ferro de passar roupa da década de 60 usado na Ass. dos Alfaiates de Marília (2011 / Nikon D70)


      Porém com o desenvolvimento rápido da indústria do vestuário nos anos 80 fez com que os Alfaiates se tornassem personagens periféricos nos novos estilos de vida industriais. A aitvidade dos alfaiates entrou em decadência mercadológica e se reduziu a pequenos redutos nos quais a venda de serviços não tem mais o vulto do passado.

Placa na entrada da Ass. dos Alfaiates de Marília  (Nikon D70)

        Unidos em associações ou pequenos grupos, nossos alfaiates vão sobrevivendo a mudança do mercado do vestuário e se mantem úteis apesar das novas formas de moda. Visitei uma desses locais de alfaiataria de Marília e encontrei senhores na labuta envolvidos com tecidos, tesouras, agulhas e máquinas de costura. Apesar da escasses de clientes, os alfaiates da Associação dos Alfaiates de Marília encontram espaço para as boas lembranças do passado, de belos momentos de glória, de vendas fáceis e do reconhecimento social, enfim, para rirem disso tudo...


 Sr. Manoel, alfaiate em Marília, rindo em memórias de sua juventude. (Nikon D70)


       A Associação dos Alfaiates de Marília tem um grande salão no qual já foram realizados inúmeros bailes e festas dos bons tempos da alfaiataria de minha cidade. Hoje esse espaço ainda é alugado para pequenos eventos não deixando calar a música e as conversas à noite no local.

Detalhe do slão de festas da Ass. dos Alfaiates de Marília (Nikon D70)

      Os ambientes da Associação apresentam marcas da época áurea da alfaiataria em Marília. Suas paredes, seus móveis, a "atmosfera" toda do local nos remete aos naos 60 e 70. Tudo está irretocável e fazemos uma verdadeira viagem ao passado circulando pelas salas e corredores onde os alfaiates trabalham.

Detalhe das paredes da Ass. dos Alfaiates de Marília (Nikon D70)

        Os provadores são iluminados como sempre foram há anos: uma pequena lâmpada que, uma vez girada, acende e queima nossa mão. Tudo nesse local é um claro registro da história desse ofício em Marília. Fotos, documentos enquadrados e pendurados na parede, entre outras coisas.

  Lâmpada de provador de roupas da Associação dos Alfaiates de Marília (Nikon D70)

      O som das máquinas de costura é incessante e se mistura com as converas com os clientes e com as músicas do rádio ligado...

Sr. Manoel operando sua máquina de costura Singer, velha companheira (Nikon D70)

      A nostalgia é a marca da Associação, entrecruzando os trabalhos, as conversas, a entregas das roupas e os momentos de descanço. Fui muito bem recebido lá e presentei os alfaiates com algumas fotos que fiz. Fiu embora tendo o abraço de todos os alfaiates. Velhos tempo, velhas atitudes, que desapareceram do cotidiano.

 Sr. Breda, alfaiate em Marília, olhando o tempo passar enquanto descança. (Nikon D70)