quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Retratos...

O retrato nunca foi o meu tipo de fotografia predileto. Aliás, não gosto muito de fazer fotos de pessoas, isto é, tendo nelas os elementos principais. Talvez seja devido a uma timidez. Talvez seja por eu pensar nunca ter feito uma imagem de rosto que realmente me agradasse. De qualquer forma, os retratos nunca foram o meu ‘forte’ e, portanto, fiz pouco disso em minha pequena história como fotógrafo.

Amiga fotografada em 2004 com Leica e tri-X

Certa vez planejei fazer um inventário fotográfico a respeito de personagens marilienses. Optei por fotografar algumas pessoas que fizeram de suas vidas algo original, desenvolvendo atividades artísticas aqui na cidade. Selecionei aqueles que utilizaram os meios de comunicação como o cinema, a pintura, a fotografia o rádio, teatro e os jornais.

Antigos mantenedores da Sta. Casa de Marília em 2006 (Leica e tri-X)

Tive contato com pessoas ilustres e com belas histórias profissionais e de vida, com muita luta e realizadas em Marília. Entre essas pessoas, fotografei o Sr. Orozimbo, mestre dos primórdios do cinema em minha cidade. Ele realizou o primeiro filme tendo como “palco” a cidade de Marília do anos 70. Foi um curta-mertagem feito em película 8mm chamado de “Interlúdio”. Hoje o Sr. Orozimbo não está mais vivendo conosco. Penso que fui uma pessoa privilegiada por ter conhecido e assistido o referido filme.

Orozimbo e sua Canon 8mm com a qual filmou "Interlúdio", imagem de 2002 (Canon e tri-X)


Fotografei o grande mestre da história da fotografia em Marília o Sr. Sebastião Leme e a memorialista  Rosalina Tanuri. Tentei nesses retratos  ser o mais simples possível,  pouco acrescentando nessas grandes figuras. Era apenas as imagens deles e de seus instrumentos de comunicação. Perguntava para eles como queriam ser fotografados com seus instrumentos. Dito isso e a imagem aparecia...era só enquadrar e regular a máquina...

Rosalina Tanuri analisando uma foto antiga em 2002 (Canon e tri-X)


Fotografei, algum tempo mais tarde, um músico das noites marilienses. A história desse artista se confunde com a história da boemia de Marília, de seus barzinhos, das galeras e das paqueras sempre com a trilha sonora de Chico de Assis...

Chico de Assis e seu inseparável violão em 2006 (Leica e ilford)


Chico gravou um CD e utilizou as minhas fotos para ilustrá-lo. Fiquei muito orgulhoso. Fiz também alguns retratos a pedido de alguns amigos e amigas. Durantes longas e divertidas conversas com essas pessoas, pegava a Leica da bolsa (já com o tri-X e regulada) e fotografava...


Sávia fotografada em 2004 com Leica e neopan

Mas como eu ia dizendo que não gosto dos retratos...








domingo, 26 de setembro de 2010

Favelas

Marília é uma das cidades com melhor qualidade de vida do interior de São Paulo. Estatisticamente, tem bons índices naquilo que consideramos adequado para a população. Sabemos disso consultando pesquisas de institutos econômicos que publicam seus dados em revistas etc. Minha cidade já teve os slogans “Capital Nacional do Alimento” e “Cidade Amiga da Criança”. Porém, há outras realidades que não aparecem nesse conjunto de dados e, muito menos, no imaginário da população que desconhece (ou quer desconhecer), por exemplo, a presença de favelas por aqui.

Detalhe dos barracos presentes no bairro Argolo Ferrão em Marília, 2003 (Leica e tri-X)


Tive acesso mais profundo a essa realidade quando fotografei alguns bairros da cidade que estavam em processo de degradação sócio-econômica, enfim, em processo de ‘favelamento’ em 2003. Participando de uma pesquisa da UNESP em Sociologia Urbana, fotografei alguns aspectos dessas favelas para montar um mapa de exclusão social em Marília.


Detalhe de um casebre no bairro Vila Barros em Marília, 2003 (Leica e tri-X)

Caminhei junto com alguns pesquisadores que há muito andavam pelas vielas dos bairros Argolo Ferrão, Vila Barros entre outros, conversando com os moradores, investigando as estruturas sociais daqueles locais. Carregava uma Leica e alguns rolos de filme kodak tri-X, registrando um pouco das pessoas e das condições de moradia e da ocupação do ambiente.

Interior de barraco na Vila Barros, 2003 (Leica e tri-X)


Conheci pessoas batalhadoras e que ainda tinham sonhos de vida e esperança de felicidade, apesar de viverem na duríssima realidade de péssimas condições higiênicas, materiais e ambientais. Em alguns cidadãos dava para perceber o brilho nos olhos e a força de verdadeiras fortalezas...

Morador da Vila Barros reaproveitando tijolos velhos, 2003 (Leica e tri-X)

A luz que vinha dos relatos de vida dessas pessoas se confundia com as belas luzes que existiam em alguns barracos enfeitando as simples paredes de madeira e papelão.

Moradora da Vila Barros em Marília, 2003 (Leica e tri-X)


A favela não é só o lugar da criminalidade, da degradação e da miséria, é também o lugar da solidariedade e da família, instituição social que ainda tenta resistir a todos os ataques da exclusão sócio-econômica.

Esgoto 'a céu aberto' em favela de Marília, 2003 (leica e tri-X)

Tentei fazer uma exposição das imagens que fiz em um shopping center de Marília, mas não tive sucesso. Minhas fotos foram retiradas após um abaixo assinado dos logistas que se consideraram prejudicados com a ‘estética da pobreza’. Segundo eles, a exposição não estimularia as visitas e as compras nas lojas...realmente, há setores da sociedade mariliense que querem continuar não conhecendo a ‘cidade dos índios’ que não aparece na revista ‘DMarília’. Isso é compreensível... Marília ainda exclui muita gente.

Moradora de favela que, com uma máquina de escrever, produz currículos para moradores tentarem empregos, 2003 (Leica e tri-X)



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Hospitais

Fotografei dois hospitais de minha cidade em um projeto de pesquisa da Unesp em 2008. As pesquisas estavam voltadas para a identificação dos aspectos sócio-históricos dessas instituições bem como para o reconhecimento de sua arquitetura. Era uma equipe de poucos profissionais e eu era o fotógrafo...

Hospital das Clínicas de Marília (Nikon D40s)


Essa foi a primeira oportunidade que tive de fotografar com equipamento digital. Estava acostumado com filmes e Leica (uma câmera de visor pequeno e direto e sem recursos eletrônicos) e foi colocado em minha mão uma Nikon D40s. No começo eu ‘apanhei’ um pouco da máquina, mas obtive ajuda de outra fotógrafa (Paula Mello) que trabalhou comigo no registro do Hospital das Clínicas (hospital público) ...

 Hospital das Clínicas de Marília (Nikon D40s)


Optei por não fotografar os problemas do HC (aliás, não foi permitido o acesso a algumas alas do hospital). Dediquei minhas imagens a outros aspectos fugindo do enfoque jornalístico e trilhando outros caminhos...


Hospital das Clínicas de Marília (Nikon D40s)

Basicamente observei a arquitetura em suas relações com as pessoas. As escadas são um elemento muito presente nos hospitais. Sempre há uma delas no final dos corredores com médicos e enfermeiros subindo e descendo a todo o momento...

Hospital das Clínicas de Marília (Nikon D40s)


Por falar em corredores, o outro hospital que fotografei foi a Santa Casa de Misericórdia. Lá, os corredores sempre ‘bem freqüentados’ por enfermeiros e médicos prontos para atender seus pacientes, são uma amostra da dinâmica do local. Porém, os corredores escuros das alas desativadas são mais marcantes do aspecto geral desse hospital : antigo, nostálgico e elegante.

Santa Casa de Misericórdia de Marília (Leica e tri-X)


A Santa Casa foi o último ensaio que fiz com filme e Leica. Alguns meses depois de realizadas as fotos eu abandonei a prática, retornando a fotografar  há poucos dias. Fotografar essa construção dos anos 30 do século XX foi para mim uma espécie de despedida...


Santa Casa de Misericórdia de Marília (Leica e tri-X)

Nesses locais, temos a chance de conversar um pouco com as pessoas que ali trabalham e ouvindo as suas histórias notamos o como os funcionários dos hospitais, apesar de todas as dificuldades enfrentadas no dia a dia, são vencedores e verdadeiros samaritanos...


Cozinheiras do HC de Marília (Nikon D40s)

São pessoas simples que trabalham em longas jornadas realizando de maneira responsável suas atribuições...

Atendente do HC de Marília (Nikon D40s)

Nos hospitais de Marília presenciei os dramas e a solidariedade do ser humano. Dores misturadas com afeto, auxílio misturado com desespero, esperança misturada com resignação. Tudo isso acontecendo sob as paredes e teto dessas arquiteturas voltadas para o cuidado das pessoas. São exemplos disso o HC e seu pronto socorro...

 Pronto Socorro do HC de Marília (Nikon D40s)

e a Santa Casa e sua entrada principal...

Entrada principal da Sta Casa de Marília (Leica e tri-X)

O HC, uma construção dos anos 60, e a Sta Casa, construída nos anos 30, são duas formas de arquitetura hospitalar que marcam a paisagem de minha cidade, sintetizando dois projetos de saúde pública na história de Marília e sendo palco de milhares de episódios reunindo pessoas comuns na luta pela vida. Eu mesmo já vivi inúmeras histórias ali.




segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Candomblé

Fui convidado para assistir a inauguração de um centro de cultura ‘afro’ em minha cidade. Ali serão ensinados os vários elementos históricos e mitológicos associados ao Candomblé. Carreguei a máquina comigo na esperança de construir algumas imagens do evento, sem, contudo, ter a pretensão documental ou etnográfica. Há muito tempo eu não realizava reportagem fotográfica e não me obriguei a seguir nenhum caminho pré-estabelecido, apenas fotografar sem flash para não atrapalhar a concentração das pessoas. O local era pequeno e estava lotado de gente. O barracão foi encantado com o som dos batuques e o cantar das músicas africanas que anunciaram a chegada da Capoeira...

Grupo de capoeira minutos antes de entrar no barracão ( Nikon D70 )


As cores ali presentes, nas roupas, nas decorações das paredes e em outros lugares, marcavam a atmosfera do local, fato que me levou a fotografar também em cores. Até havia me esquecido o que era fotografar em cor...mas não foi nada difícil, tendo em vista o que estava presente no barracão...

Integrante do culto ( Nikon D70 )

Quando o mestre de cerimônias ( o “Tata Nkassumbirê ” ) tomava a palavra e proferia no dialeto de Angola, calava fundo na cabeça e nos corações dos espectadores mensagens de coragem, respeito e admiração frente ao valor e a importância dos costumes africanos...

Espectadores no barracão ( Nikon D70 )

Olhando as pessoas ali presentes, notando seus aspectos físicos e sociais (pelo menos aquilo que se pode notar exteriormente em roupas e estética corporal) estavam ali representantes das várias camadas da sociedade brasileira, da mistura étnica que caracteriza nosso povo...

Integrantes do Centro de Cultura Africana de Marília (Nikon D70)

A capoeira é um dos instrumentos do Candomblé. Mistura de dança, arte marcial e teatro, a capoeira defendia os terreiros atacados pelas "autoridades brasileiras" desde o século retrasado. No barracão, ela mostrou as suas várias faces...


Capoeiristas no Centro de Cultura Africana em Marília (Nikon D70)


Representação de entidades do Candomblé no Centro de Cultura em Marília (Nikon D70)

Nessa ocasião, tentei observar com respeito e atenção a inauguração do Centro de Cultura Africana de Marília. Tentando não atrapalhar, 'apaguei' o flash e tentei captar a iluminacão local, o 'clima' da ocasião, o rosto das pessoas, enfim, algumas faces do evento. Depois sentei e apreciei o 'espetáculo' brasileiro pensando em como seria bom se o Candomblé se popularizasse...

 
Observando a capoeira (Nikon D70)




terça-feira, 14 de setembro de 2010

Olhar o nada

Entre uma fotografia e outra, dentro de um passeio programado, algumas surpresas podem acontecer. À mercê das supresas da luz, da sorte e da sensibilidade, nos deparamos com coisas que nos obrigam a  fotografar. A câmera é retirada da bolsa, apontada para algum lugar. Rapidamente a fotografia aparece. Quase sempre a consequência é uma imagem feita do nada, de lugar nenhum, de nada significante, porém, que merece ser olhado...

Nuvem fotografada em 2005 com Leica e neopan


Trocando o céu pelo chão, nos caminhos, entre uma calçada e outra, até o lixo presente nas vias públicas, ruas, indicando a passagem das pessoas e seus rastros, denunciando a história, insignificante por ser tão comum, adquiri a dignidade do olhar através da contra-luz e de uma composição simples...

Calçada de Marília em imagem de 2006 (Leica e neopan)

Nos terrenos vagos, andando atrás de um melhor ângulo e enquadramento, outras imagens podem aparecer. Na fotografia de contra-luz a qualidade da imagem sempre é boa, pois transfigura tons, contornos e valores visuais. Tudo se transforma em silhuetas, sombras bem definidas, um brilho especial. A escala de cinzas tende para a média prateada com branco e preto. Conferindo dramaticidade às cenas mais cotidianas como uma simples fotografia de mato.

Terreno vago com mato alto em Marília em 2010 ( Nikon D 70 )

Certa vez fui a uma festa típica aqui de Marília na qual havia aqueles parques de diversão que alegram as pessoas nas cidades do interior. Carrinho de trombada, roda gigante etc.


'Japan Fest' em Marília em 2008, Leica e neopan

O execício de olhar o não notado na paisagem, extrair dali aquilo que somente você foi capaz de ver, nutrir o sonho de que aquilo só existe em uma fotografia, à maneira da composição escolhida, da luz medida e da cidade imaginada...

Outdoor em Marília, 2008, Leica e ilford

Penso que talvez o maior desafio da fotografia de paisagem urbana que gosto de praticar, isto é, aquela desvinculada da simples reportagem das fachadas ou da documentação da arquitetônica técnica, seja o de extrair boas imagens do nada e do insignificante urbanos. Sonhar que aquilo só existiu  naquele instante e continuará existindo apenas em sua fotografia. A cidade imaginária feitas dos pedacinhos, 'caquinhos' que 'recolho' dela.   


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Trilhos de trem 2


Estação Ferroviária de Marília fotografada em setembro de 2010 com Nikon D-70


Visitei há poucos dias os arredores da Estação Ferroviária da minha cidade. O objetivo era fotografar o interior dela para montar uma série de fotos da ferrovia (atuais e antigas) e escrever algumas palavras a respeito. Porém, os altos níveis de degradação e de abandono que marcam o referido ambiente me impediram de realizar meu intento. Fui hostilizado e não fui além de fotografias mais gerais da plataforma de embarque. Há alguns anos atrás, quando essa situação começou, quando os trens de passageiro estavam parando de andar pelos trlihos aqui da cidade, fiz algumas fotos de alguns detalhes da Estação, da porta do banheiro ao lado do bar.


Fotografia feita com Canon e tri-X em 1999 na Estação Ferroviária

Nessa ocasião, consegui fotografar o interior dos banheiros da Estação, local que usei quando menino e que dividi certamente com milhares de pessoas que lá estiveram de passagem, à negócios, visitando a família, tentando a sorte no interior do Estado. Alí se aliviaram ou simplesmente pentearam os cabelos na frente do único espelho do recinto arrumando as roupas amassadas pela viagem.

Imagem do banheiro da Estação feita com Canon e tri-X em 1999

Há pouco tempo, quando os trens deixaram de passar por aqui, após as chuvas de fevereiro os trilhos eram cobertos por verdadeiros 'tapetes' de flores miudas do mato que crescia sobre eles. Amarelinhas e vermelhinas, as pequeninas flores davam um charme especial ao leito da antiga ferrovia.


Os trilhos de trem em Marília em fevereiro de 2005 (Leica e neopan)


A sala do chefe da Estação também habita a minha memória da infância. Sempre cheia de pessoas uniformizadas com a roupas da RFFSA (empresa federal com comprou a Cia Paulista de Estradas de Ferro nos anos 70), servia de local para o comando e organização da partida e da chegada dos trens.


Sala do Chefe da Estação feita com Canon e tri-X em 2000

Hoje eu não posso visitar a Estação e talvez ela, da maneira como eu a vi,  não exista mais.

sábado, 11 de setembro de 2010

Imaginário Fotográfico 2

Imagem feita há poucos dias em uma pista de cooper  de Marília com a Nikon D70

Andar pela cidade como um pedestre, por suas ruas e avenidas, dobrando esquinas, vencendo quarteirões, na velocidade dos passos, no tempo de um passeio, observando os detalhes do seu 'fluir', pode ser um ótimo exercício para o nosso olhar. Sem horário a cumprir, ou mesmo algum lugar para chegar, sentimos o urbano de outra forma. Uma cidade imaginária aparece. 


Imagem feita há poucos dias com uma D70

A cidade possui mais pedestres do que carros e eles são parte constitutiva de sua paisagem, compõe sua realidade plástica, econômica e histórica. Porém, caso estejamos em um automóvel, a presença dos andarilhos é pouco notada. Além das paradas nos sinaleiros ou das curvas das esquinas, nada podemos ver. Entretanto, não há condição mais adequada para alguém conhecer a sua cidade do aquela do pedestre.


Foto feita em 1999 com tri-X e Canon

De repente a cidade se mostra com feições inusitadas, como se o caos urbano fosse harmonizado em segundos no imaginário e as fotografias aparecem. Isso só é possível no caminhar. Os equilíbrios menos sensatos e as relações menos frequêntes se tornam possíveis em uma simples e despretensiosa fotografia.


 
Rua Campo Sales em 2000  (Canon e tri-X)

Aos domingos e feriados, a cidade é mais dos pedestres. Passear pelo centro velho de Marília nesses referidos dias é um convite a vivê-la através de seus silêncios e da sua despoluição visual e sonora. É como se houvesse uma cidade oculta que pode ser revelada em fotografias. Na principal e mais movimentada avenida de Marília, marcada por pneus, pessoas desfilam como em uma passarela.


Imagem feita em 2000 na Av. Sampaio Vidal, com Leica e tri-X

Tudo isso acontece em um passe de mágica e em frações de segundo e somente dentro de uma fotografia, de seu recorte, composição e interpretação da realidade. Uma rua como passarela privilegiada para pedestres, isso só acontece em uma singela fotografia...


Av. Sampaio Vidal em 1999, através de Canon e tri-X.

Caminhar como os andarilhos, imaginar uma cidade que não existe, fugir da realidade monótona e sem graça para tentar construir coisas dignas do olhar. Deixar o imaginário fluir e 'pedir' as fotografias...eis o desafio e o convite. Andar sem rumo em busca dos significados acultos da cidade. Como você não estará em um automóvel, poderá andar até na contra-mão.

Leica e tri-x em uma das vias de acesso à Marília



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Trilhos de trem


Imagem dos trilhos de trem ladeando ruas de Marília, feita há poucos dias com uma Nikon D70



A cidade de Marília 'nasceu' como loteamentos de terra em torno de fazendas de café ladeadas por trilhos da Cia Paulista de Estradas de Ferro, fixados aqui em 1929. Desde então a cidade cresceu, se urbanizou, mudando inteiramente suas feições antigas, relacionadas ao ir e vir de populações e mercadorias pelos trilhos de trem.



Estação Ferroviária de Marília registrada em 1999 com uma Canon e tri-X

Há alguns anos, não existe mais trens de passageiros por aqui. Porém, a velha estação ferroviária resiste ao tempo, e ao descaso das autoridades, sem a preservação de sua arquitetura. Visitei a Estação Ferroviária várias vezes sentindo a nostalgia contida em seus bancos e relógio ( peças que já desapareceram de lá ).



Detalhe dos trilhos que cortam Marília registrado em 2005 com uma Leica e Ilford


Os trilhos da ferrovia ainda marcam a paisagem do centro de Marília cortando-a em duas cidades e servindo de abrigo para andarilhos. Outras obras arquitetônicas que fazem parte do complexo ferroviário que sustentou a economia daqui são os galpões nos quais eram estocados os produtos agrícolas a espera de transporte. Há alguns anos, alguns desses galpões tem sido demolidos e outros reformados. De qualquer forma, o conjunto dessas construções ainda marcam a paisagem de Marília ao lado de praças, avenidas etc.



Imagem de galpão da ferrovia feito em 1998 com Canon e plus-X



Em Marília, uma agência bancária foi alocada em um desses galpões reformados no qual foi preservada boa parte da fachada original. Em 1999, fotografei várias fachadas dessas construções imaginando a re-inserção delas na paisagem urbana mais atual.



Galpão fotografado em 1999 com Canon e tri-X. Aqui foi alocada uma agência bancária



Imagem feita em 1998 de um galpão abandonado, Zorki e tri-X